Participar no Nordic Business Forum 2025 foi exatamente isso, uma viagem intensa entre inovação, cultura, mudança e propósito, com uma mensagem clara e inescapável: o futuro não espera por nós, mas pode ser moldado, em parte, por nós.
Na semana passada, a equipa de New Business da Softway foi recebida em Helsínquia pelo frio cortante do Báltico e, ao mesmo tempo, por um calor humano improvável: 7.500 pessoas, vindas de todos os cantos do mundo, reunidas num mesmo centro de congressos a poucos quilómetros do coração da cidade, para participar num dos maiores fóruns de liderança e gestão da Europa. Todos os anos, milhares de profissionais e líderes de diversos setores do tecido empresarial encontram-se na capital finlandesa para pensar em conjunto o futuro. Uma experiência verdadeiramente imersiva onde palestras se cruzam com música, momentos de networking e conversas inspiradoras que parecem nascer em cada intervalo. Nada é deixado ao acaso, tudo parece meticulosamente desenhado para nos tirar da rotina e obrigar a abrir espaço a novas perspetivas, como se estivéssemos numa viagem cuidadosamente pensada para nos transformar a nós e, por consequência, as organizações nas quais estamos inseridos.
O tema deste ano, Moving Forward, não surgiu como uma mera promessa distante, mas antes como um apelo urgente: avançar exige olhar para o caminho percorrido, escolher o que levamos para o futuro e o que devemos deixar para trás. É um convite à reflexão, a olhar para a frente com coragem, a desapegar-nos de hábitos que já não servem e a cultivar rotinas que nos preparem para a incerteza. Mais do que um slogan bonito e cativante, Moving Forward foi um fio condutor sentido como um apelo vibrante em cada palestra, cada conversa e atuação musical. Estruturado com base em três principais eixos: Culture, Foresight e Growth. O programa levou-nos numa verdadeira viagem que nos desafiou a conceber empresas mais autênticas, mais criativas e, sobretudo, mais resilientes perante o amanhã.
Ao longo dos dois dias tornou-se evidente que Moving Forward não significa apenas avançar, mas antes inovar com coragem, quebrar com o passado e preparar-nos para um futuro que não se deixa adivinhar. Percebemos que o verdadeiro progresso não está no mero ato de acumular a tecnologia mais recente e surfar a onda da tendência, mas na experiência verdadeiramente humana (e incerta) de ousar experimentar o que ainda não existe.
Porque falar em Moving Forward é, inevitavelmente, falar de inovação. E, para falar de inovação, impõe-se falar de humanidade, de pessoas.
No palco principal ecoaram muitas vozes, cada uma com a sua lente particular, mas todas a apontar para a mesma direção: o futuro exige humanidade, clareza e coragem. Se, por um lado, Howard Yu lembrava que a inovação não é um projeto com início e fim, mas um hábito contínuo de aprender e escalar novas capacidades, Risto Siilasmaa, com a experiência de quem liderou a Nokia em tempos de enorme turbulência e imprevisibilidade, reforçava que o otimismo deve ser sempre acompanhado de prudência e visão estratégica. Por sua vez, April Rinne convidava-nos a olhar para a incerteza como um território fértil de possibilidades, um verdadeiro espaço onde a adaptabilidade se torna a maior vantagem competitiva.
O que fica é a consciência de que estar future ready passa por cultivar culturas abertas, criativas e centradas em pessoas. Isto porque, como referia Sukhinder Singh Cassidy, CEO da Xero, “Unless someone like you cares a whole awful lot, nothing is going to get better. It’s just not.”
Por outro lado, ressoa a ideia de que, para pensar estrategicamente o futuro (stategic foresight), é essencial mais do que um mero exercício de observação. É preciso ser capaz de ler o passado, olhar para as tendências e ter a coragem de agir sobre a intuição, de questionar continuamente, isto porque “the future rewards those who act on what they see” (Risto Siilasmaa).
Já o conceito de crescimento (growth) fica marcado pela calma irreverente e incontornável do quase mítico produtor musical norte-americano Rick Rubin, que nos inquieta com a ideia de que expandir passa inevitavelmente por simplificar para ganhar clareza. A perspetiva, através de uma lente criativa e quase zen, de que crescer não é fazer mais, mas criar espaço, silêncio e foco para que a inovação possa emergir.
Independentemente do orador ou do formato, tornou-se claro que a base de todo o discurso assentava sempre no mesmo ponto: o elo humano. Foi inspirador perceber como, por entre tantas perspetivas diferentes, a visão sobre o futuro se ancorava na ideia de que a inovação só faz sentido quando coloca as pessoas no centro. A mensagem foi clara: podemos e devemos avançar, experimentar e reinventar, mas sem perder de vista o humanismo que dá sentido ao progresso. É essa confiança no potencial humano que nos lembra que o futuro não é apenas um desafio a enfrentar, mas também uma promessa de novas oportunidades.
Regressámos de Helsínquia com a inquietação de descobrir o que significa, afinal, Moving Forward na Softway. É questionar crenças antigas, deixar para trás os “zombies”, como lhes chamou Dana Kadr, e abrir espaço ao novo. É encontrar equilíbrio entre grandes transformações e pequenos gestos que mantêm viva a alma de uma organização, conscientes de que um simples centímetro de cada vez pode ser suficiente para catalisar mudanças extraordinárias. É perceber que “AI is a great tool. But it can’t make people care”.
E talvez o mais importante: não regressámos com respostas prontas, mas com perguntas melhores. O que significa estar preparado para um futuro que evolui dez vezes mais depressa do que no tempo da revolução industrial? Como inovar sem perder de vista a humanidade? Como construir, em vez de apenas reagir ao futuro?
Entre muitas ideias, ficaram ecos que nos acompanham, e o compromisso de os deixarmos ecoar também aqui, na Softway.