Num mundo onde o conteúdo é rei, porque é que todos escrevem sobre o mesmo?

Content is king.” Já ouvimos esta frase tantas vezes que soa quase a cliché. Mas em 2025, com artigos gerados por Inteligência Artificial a invadir a internet, estratégias de SEO a correr atrás das mesmas palavras-chave, e uma avalanche de blogs a repetir as mesmas dicas, tendências e “guias em 10 passos”, surge uma pergunta inevitável: se o conteúdo é rei, porque é que tudo soa ao mesmo?

Maria Cabral de Sousa
Mai 20 2025 • 2 min leitura
Num mundo onde o conteúdo é rei, porque é que todos escrevem sobre o mesmo?

A resposta curta? Estamos todos a jogar o mesmo jogo. A maioria dos blogs está otimizada para algoritmos — não para pessoas. Os temas são escolhidos com base no volume de pesquisas, e não na originalidade. Assim que um assunto conquista grandes níveis de atenção — como por exemplo, “Principais Tendências de Web Design para 2025” — surgem centenas de artigos quase idênticos, que pouco ou nada acrescentam à conversa. É como se a web tivesse começado a ecoar a si própria.

Isto não é necessariamente mau. Informação útil merece ser repetida. Mas quando todos escrevem com o mesmo tom, a mesma estrutura e a mesma abordagem, o conteúdo deixa de ser rei. Torna-se banal.

Comecei a perguntar-me: qual é o sentido de ter um blog, se estamos todos a dizer a mesma coisa?

Quando surgiram, os blogs eram crus, pessoais. Eram o equivalente digital de um caderno, de um púlpito, de uma carta aberta ao mundo. Mas algures pelo caminho, passaram de expressão a estratégia. E talvez, só talvez, seja aí que reside o seu futuro.

Porque apesar desta repetição constante, continuo a acreditar que os blogs são relevantes… não por estarem cheios de dicas ou tendências, mas porque oferecem algo que nenhuma IA ou “fábrica de conteúdo” consegue replicar: perspetiva.

O que torna um blog valioso não é o seu posicionamento nos motores de busca. É a honestidade com que comunica.

Vemos isso com frequência. Os artigos onde partilhamos lições de um projeto mais desafiante, conversas sinceras entre a equipa, ou a nossa opinião real sobre uma ferramenta que está na moda — são esses que geram comentários, partilhas e conversas reais.

 As pessoas não querem mais ruído. Querem clareza. Querem voz. E sim, continuam a querer conteúdo — mas só se sentirem que há alguém real do outro lado do ecrã.

Então, os blogs vão sobreviver? Vão evoluir. O conteúdo genérico vai desaparecer. E o que vai permanecer são os blogs que soam humanos.

Porque num mundo onde há conteúdo por todo o lado, o mais raro é a autenticidade.

A internet não precisa de mais conteúdo — precisa de melhores vozes.

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