Softway Book Club: “Don’t Make Me Think” de Steve Krug

O ano é 2000. Os telemóveis ainda têm antenas, gente que se preze não vive sem um Discman, a Microsoft acaba de lançar o Windows 2000, nos Estados Unidos Bill Clinton é presidente, já Moby captou o zeitgeist do novo milénio com Natural Blues, que toca incessantemente no rádio. Por sua vez, Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll acaba de se metamorfosear no filme de culto The Matrix, e Steve Krug, o nosso autor, publica, a primeira edição do livro “Don’t make me think”.

Marta Guimarães Ferreira
Abr 2 2024 • 4 min leitura
Softway Book Club: “Don’t Make Me Think” de Steve Krug

Antes de nos debruçarmos sobre este clássico de usabilidade, que passados vinte anos, ainda é tido como uma referência entre web designers e programadores, talvez convenha apresentar o homem por detrás da lenda. Steve Krug é formado em psicologia e tem dedicado a sua carreira a simplificar as complexidades da experiência do utilizador e a sublinhar a importância de se investir num design centrado no utilizador. Enquanto consultor de usabilidade já trabalhou com nomes sonantes do mundo da tech, como a Apple, a Bloomberg e Lexus.

Dado o sucesso incontornável do livro “Don’t Make Me Think”, Krug, decide lançar uma nova edição em 2020, com exemplos actuais. No final do dia, como diz o autor, “technology got its hands on some steroids”, e o livro precisava de acompanhar a evolução vertiginosa da web e as necessidades respectivas dos seus utilizadores. Podíamo-nos perder nos vários ensinamentos práticos de Krug, específicos ao mundo do web design, contudo, achámos mais interessante - uma vez que os nossos leitores chegam até nós vindos de um leque distinto de áreas - encontrar um middle ground (perdoem-nos o estrangeirismo). Para estimular o interesse dos nossos leitores, reunimos um conjunto de pontos que podem ser aplicados a quase qualquer área de especialização:

  1. Abordagem centrada no utilizador
    Quando pensamos em usabilidade é fácil sermos transportados para o mundo digital, especificamente para a área de UX (user experience). Contudo, uma abordagem centrada no utilizador é imprescindível em diversas áreas, quer se vendam produtos, ou experiências. Compreender as necessidades, preferências e comportamentos dos utilizadores/clientes é um factor fundamental para que as empresas consigam adaptar os seus produtos ou serviços de modo a ir de encontro às expectativas do utilizador (conscientes ou inconscientes).
  2. Don’t make your user think!
    A grande máxima de Krug resume o princípio fundamental da usabilidade da Web: o design não só está sempre ao serviço do utilizador, como deve minimizar o esforço cognitivo dos utilizadores. Este princípio vemos ser aplicado na área da educação, por exemplo: desde a necessidade de haver materiais didácticos claros e intuitivos, bem como ambientes de aprendizagem serenos que apelem à concentração e à reflexão. Já na comunicação, existe um enorme cuidado em transmitir mensagens de forma concisa e eficaz para evitar a ambiguidade e o esforço cognitivo do público alvo.
  3. Vá directo ao assunto
    Os valores atribuídos à simplicidade e à clareza estendem-se muito para além do web design. Quer se trate do design e/ou da criação de produtos físicos, da elaboração de documentação ou da estruturação de processos organizacionais, a simplicidade facilita a compreensão e o envolvimento dos potenciais utilizadores, promovendo, assim, interacções e resultados mais eficazes em vários domínios do saber.
  4. Em busca do aperfeiçoamento contínuo
    Segundo Krug, “there is always room for improvement”. Já foi dito, em tempos, no nosso blog, que um website estagnado, alheado de um olhar crítico, se trata de uma plataforma em vias de extinção. Contudo, esta máxima não se esgota em websites e softwares, aplica-se numa multitude de áreas desde a arquitectura à medicina, da educação ao design, da gestão de empresas ao marketing, da arte ao desenvolvimento pessoal, etc. Seja qual for a área, existe um conjunto de métodos que só podem ajudar, entre eles: ter em consideração o feedback que nos é dado, testar processos e hipóteses.

Os principios Krugianos de usabilidade ultrapassam, em muito, a esfera do web design. Como vimos, podem ser aplicados numa miríade de áreas de conhecimento. Assim como Krug, na Softway não gostamos de excluir ninguém, por isso se é daqueles leitores que só tem tempo e/ou disponibilidade mental para ler a conclusão, gostávamos que deste artigo retirasse os seguintes pontos:

  • As empresas, ao ajudarem os utilizadores, ajudam-se a elas próprias;
  • Por último, Krug não é um diminutivo de Freddy Krueger, mas sim o apelido do autor do livro “Don’t Make me Think!”, que convidamos vivamente a ler!
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